Popó x Bambam – Boxe ou apenas entretenimento? – Crítica

popó x bambam luta - crítica

Esse fim de semana (24/05) teve a realização da luta entre Popó x Bambam, um verdadeiro sucesso em marketing e publicidade, porém a luta… que luta? Não é de hoje que lutadores de boxe vem lutando com personalidades que não são do esporte. Aqui na terra da mandioca/apim/macaxeira começou com o Whinderson Nunes desafiando o Popó. E quem lembra bem, aconteceu o óbvio, Popó venceu. Mas isso foi uma cópia da terra do tio Sam, quando Logan Paul um youtuber super famoso fez uma luta contra KSI em 2018, a luta foi um sucesso em números. A luta vendeu 1,3 milhão de compras de PPV, se combinarmos compras no YouTube e no site oficial KSI vs Logan Paul foram mais de 800.000 compras ao vivo, tornando-a a maior luta de boxe amador não profissional de todos os tempos.

Popó X Bambam – Marketing sucesso, mas o boxe um fracasso

Primeiro temos que mostrar o perfil dos atletas que subiram no ringue no último fim de semana.

camiseta de treino

Nome de nascimento: Acelino Freitas
Apelido:  Mão de Pedra, Estrela do Nocaute (KO Star)
Categoria: Super-pena, peso-leve e meio-médios
Idade: 48 anos
Lutas: 43
Vitórias: 41
Nocautes: 34
Derrotas: 2
Empates: 0
Títulos: Tetracampeão super-pena e Leva
Detém títulos nas quatro principais organizações de boxe do mundo: WBO, WBA, WBC e IBF.

Agora nosso outro atleta.

Nome: Kleber de Paula Pedra
Apelido: Bambam
Idade: 46 anos
Títulos: Big Brother Brasil
Criador do Birrrrlll
Trabalhou na turma do Didi

Popó está aposentado do boxe foi um atleta incrível, inspirou minha geração, seus nocautes eram de arrepiar. Logo todo mundo sabia quem ganharia essa luta mesmo com ele aposentado, Popó tem técnica, tem experiência, tem a mentalidade de um atleta, acha que é fácil entrar em um ringue com milhares de pessoas te olhando sabendo que a pessoa do outro lado quer te dar um soco e provavelmente você saíra machucado dali. Tem que ter muito autocontrole.

Claramente a luta foi um desastre durando um pouco mais de 30 segundos, no primeiro Birrlll já sentiu a mão de pedra do tetra campeão, caindo no chão. E terminando a luta com Bambam ajoelhado tomando um pedala, humilhante. Prova do líder deveria ser mais fácil…

Mas o marketing foi um sucesso, a expectativa é ter passado de 25 milhões de reais entre parcerias, bilheteria e patrocinadores, número da primeira luta do Popó com Whinderson Nunes. Um verdadeiro alvoroço nas redes sociais, cheios de memes e comentários sobre a luta. (Números ainda não divulgados)

O segredo desse entretenimento é um velho conhecido do esporte, a rivalidade, Bambam começou a desafiar e criticar o Popó. Popó rebatia, convidavam eles para podcasts, clima começa a ficar tenso, pessoas criticam e comentam nas redes sociais, logo a data da luta está marcado e todo mundo quer ver o pau comer. Quem lembra do Chael Sonnen falando mal do Anderson Silva e do Brasil?

Os americanos usam muito essa arma no marketing, até mesmo em esportes coletivos, no Brasil isso era muito comum no futebol, principalmente nos 80 e 90 quando os atletas davam entrevistas se alfinetando e zoando o clube do adversário.

Ambos lutadores ganharam muita atenção da mídia atraindo publicidade, Bambam, por exemplo, ganhará aproximadamente 3 milhões em patrocino. Sucesso do entretenimento, aposto que você também queria ver o Bambam tomando um peteleco.

Mas e o Boxe?

Existe muita crítica de alguns ex-atleta e atletas profissionais e até amantes do esporte dizendo que isso não é boxe de verdade e eu concordo. Isso é como um pelada no mundo do boxe, aquele jogo de fim de ano de ex-atleta e celebridades. A parte triste é que a “pelada” do boxe vem recebendo mais atenção que esporte profissional e aí começam as críticas e a minha também, pois essa luta não chegou nem perto de ser uma luta de verdade.

Esquiva Falcão, por exemplo, em 2012, tornou-se o primeiro boxeador brasileiro a conquistar a medalha de prata em uma olimpíada, em 2020 estava trabalhando como motoboy para sustentar a família e com ajuda de um post do Ricardo Amorim ele voltou a ser procurado pelas marcas, e a se dedicar integralmente ao esporte voltando aos ringues.

A verdade é que esse tipo de entretenimento pode ser muito bom para o boxe, porém não podem esquecer o profissional, afinal a qualidade das lutas deixam muito a desejar. Para isso eu tenho uma sugestão. Longe de mim querer ser um guru do marketing ou do boxe, mas gostaria de ver os dois lados ganhando.

Minha sugestão é que essas celebridades escolham um lutador profissional para lutar “por eles”, cria-se a mesma rivalidade, mas ao invés deles subirem no ringue levam seus atletas, treinam os profissionais, preparam, apoiam. Somente verdadeiros guerreiros dispostos a mostrar um verdadeiro boxe. Luta de qualidade, as celebridades ganham a atenção que buscam, os atletas o destaque e o público um verdadeiro show.

Ok, você vai dizer “… mas eu gostei tanto de ver o Bambam tomando um direto na fuça…”.

Personal Trainer e empreendedor. Treino é mais do que um vício: é um estilo de vida para mim! CREF: 0859033-G/SP
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